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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sadia e Perdigão - união total.

ARTHUR BARRIONUEVO é professor da FGV-SP, especialista em concorrência e regulação e ex-conselheiro do Cadê, escreveu na FOLHA DE S. PAULO sobre “o que podemos esperar da fusão entre Sadia e Perdigão?

A aprovação pelo Cade da fusão Sadia-Perdigão, condicionada a um acordo negociado com a BR Foods (resultante da fusão), levanta muitas dúvidas sobre os seus impactos para o consumidor de baixa renda. Embora a avaliação seja complexa, dado o conjunto de mercados afetados pela operação, algumas feições do acordo permitem a discussão preliminar dos seus efeitos. A BR Foods deve: (a) vender 80% da capacidade da Perdigão no mercado interno (bem menos do que 80% de sua capacidade, já que ela é exportadora), incluindo fábricas, abatedouros, granjas, fábricas de ração e centros de distribuição; (b) retirar a marca Perdigão por um período de três a cinco anos, dependendo do produto, e retirada da marca Batavo em alimentos processados e carnes e; (c) vender as marcas Rezende, Wilson e outras. Para altas concentrações, existem dois tipos de remédios. O primeiro é o de desinvestimentos de ativos, e deve permitir ao seu comprador agir como concorrente viável e significativo. O segundo, comportamental, de compromissos que obrigam a empresa a seguir certas condutas. Os problemas com os desinvestimentos ocorrem quando os ativos vendidos não geram uma empresa sustentável, ou que é pequena para afetar o mercado, ou, ainda, dependente de insumos da empresa vendedora dos ativos. Os remédios comportamentais incluem o licenciamento de marcas/patentes, o que é difícil de administrar e que fracassa se não houver monitoramento. No nosso caso, existem desinvestimentos de ativos e marcas secundárias e a retirada temporária da marca Perdigão - que não segue a experiência internacional de licenciamento de marcas, tendo apenas o malsucedido caso Kolynos (1996) como precedente no Brasil. A questão é que, enquanto o voto do conselheiro Ragazzo era fundamentado e apresentava medida coerente com seu diagnóstico - venda de uma das marcas líderes e de ativos relacionados -, agora se trocou o certo pelo duvidoso. Ainda que a BR Foods repasse cadeias inteiras de produção e marcas secundárias, qual estudo garante que a nova empresa terá escala para concorrer com ela? Ou que exercerá influência nos preços? Qual o efeito da retirada da marca Perdigão? Igual ao caso Kolynos, onde a Colgate herdou os consumidores? A BR Foods detém a marca Sadia e a maior capacidade produtiva, logo, é a herdeira natural dos consumidores da marca Perdigão. Assim, muito ainda há a ser respondido do ponto de vista do interesse público.

domingo, 19 de dezembro de 2010

2002 - 2010: SALDO FAVORÁVEL PARA LULA.

Editorial na primeira página da FOLHA DE S. PAULO deste domingo, 19/12/2010, faz um balanço do governo do presidente LULA e demonstra que o resultado foi favorável. Prestes a encerrar seus oito anos de mandato, o presidente Lula apresentou quarta-feira um extenso balanço da gestão. Como era de esperar, o relato contém abundantes autoelogios, algumas fantasias e nenhuma autocrítica. No entanto, ao observador isento o exame dos resultados durante os dois governos consecutivos indica um saldo muito favorável. Político intuitivo, Lula descartou a tentação do manejo demagógico da economia. Manteve a política econômica responsável iniciada por seu antecessor e colheu os frutos dessa sábia decisão. No período, a economia cresceu 37,3% (média anual de 4%). As exportações do país mais do que triplicaram. A inflação caiu de 12,5% para 5,6% ao ano. A taxa básica de juros reais também cedeu, de 15% para 6%. O desemprego foi reduzido pela metade. A dívida externa foi paga. Seu governo foi beneficiado, é verdade, por um contexto internacional favorável. Apesar da crise financeira de 2009, o formidável dinamismo da China puxou o crescimento das principais economias emergentes, que nestes oito anos se expandiram até mais do que o Brasil. Ainda assim notável, o progresso obtido não é imune a críticas. Lula não soube aproveitar a imensa popularidade acumulada para promover reformas que tornassem a economia mais competitiva e o Estado mais eficiente. Impondo à sociedade uma carga tributária superior a um terço do Produto Interno Bruto, o Estado presta serviços em educação, saúde e infraestrutura que, apesar de avanços, continuam a ostentar má qualidade. Houve uma incrustação maciça de militantes na máquina federal, bastando ressaltar nesse sentido que os cargos de confiança aumentaram 50%. Quanto aos costumes políticos, o desempenho foi deplorável. Para garantir hegemonia no Congresso, o governo utilizou expedientes escusos sob evidente beneplácito presidencial. O mais notório dos escândalos, o mensalão -revelado pela Folha em junho de 2005-, foi a ponta visível de um iceberg de ilegalidades impunes. A política externa foi orientada pelo elogiável intento de ampliar a autonomia do país e sua influência no mundo. Sua consecução, porém, pecou por desnecessária proximidade com autocracias como Cuba e Irã e pela complacência para com outros violadores de direitos humanos. Tais ressalvas não empanam o maior êxito do governo Lula, expresso numa relevante melhora nas condições de vida dos mais pobres. Isso deveu-se ao próprio crescimento econômico, mas também à expansão dos programas de transferência de renda, do crédito popular e do aumento real no salário mínimo. Em resultado, o estrato mais carente da população, aquele que recebe até R$ 140 mensais per capita, diminuiu de 33,3% do total em 2001 para 15,5% em 2008. Apesar das ressalvas, o presidente Lula deixa o governo como estadista democrático que honrou boa parte dos compromissos assumidos numa trajetória épica.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...