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domingo, 19 de julho de 2015

Economia brasileira: Joaquim Levy hoje na Folha de S. Paulo.



Folha - O debate do momento na área econômica do governo é se a meta fiscal será ou não reduzida. O sr. concorda com a redução defendida pela ala política e pelo Planejamento?
Joaquim Levy - Não tem flá-flu. Os observadores às vezes têm uma ilusão. É importante as pessoas não terem essa ilusão. As pessoas pensam: "Ah, então baixou a meta porque acabou o ajuste". Na verdade, se tiver de baixar a meta, é porque o ajuste tem de continuar, se aprofundar.

Reduzir a meta é sinal de que teremos de fazer mais ajuste?

Essa é uma construção lógica. Pode ter aplicação empírica ou não, mas do ponto de vista lógico você acertou 100%. Exatamente o raciocínio é esse. O resto é um raciocínio equivocado.

O sr. quer dizer que, quanto mais tempo demorar a conclusão do ajuste, mais tempo a economia vai sofrer?
Sem dúvida nenhuma, mais caro vai ser.

Mas o próprio mercado já trabalha com uma meta menor, na casa de 0,8% do PIB.
A questão não é se é a favor ou contra, é entender que redução de meta é a sinalização de que o ajuste não acabou, precisa de mais ajuste. Que precisamos acabar o ajuste todo o mundo sabe, está empacado lá por essa questão de base [aliada no Congresso].

Setores do governo e do PT reclamam que o ajuste é exagerado e está parando a economia. O sr. concorda?
Não estamos fazendo um ajuste colossal. A fraqueza da economia vem de incertezas, indefinições, de o ajuste não estar completo. As empresas estão reticentes. Se a pessoa não sabe quanto tempo vai demorar o ajuste, ela não tem condições de tomar decisões. Não tomando decisões, diminui o investimento, diminuindo a capacidade da economia.
Todo o mundo está retraído. Vou comprar um carro? Melhor não, não sei o que vai acontecer, não sei quando o ajuste vai acabar. Aí está a discussão da meta, mas as pessoas devem entender que, se você baixa a meta, é porque não está conseguindo alcançar certos objetivos.

E abandonam-se os objetivos?
Não, porque temos de reduzir a dívida. Ela melhorou um pouco porque você deixou de fazer gastos parafiscais [concessão de subsídios por meio de empréstimos do BNDES]. Vamos ver se a receita melhora, estamos tomando outras medidas.

Quais? O comportamento da receita até junho indica que, sem elas, fica impossível atingir a meta de 1,1% do PIB.
A meta não sou eu quem decide, é o Congresso, ele aprova e nós cumprimos. A gente está tomando algumas medidas para levantar receitas, que ajudam a economia.

Por exemplo?
O trabalho que estamos fazendo na [abertura do capital da] Caixa Seguridade pode dar um dinheiro para a gente, mas vai ajudar também a economia. O IRB [Instituto de Resseguros do Brasil], devemos anunciar brevemente o IPO [lançamento inicial de ações].

O que mais?
O leilão da folha de pagamento do setor público. A cobrança de R$ 70 bilhões que estavam parados no Carf [Conselho Administrativo de Recursos Fiscais].

O sr. defende a manutenção de 1,1% do PIB?
Não defendo nada, esse é um problema do relatório [do Congresso].

Pode ter mais corte para cumprir a meta?
Depende de a receita não comportar o cumprimento da meta. Assim reza a lei, aí temos 30 dias para o ajuste.

O senador Romero Jucá [PMDB-RR] vai propor reduzir a meta para 0,4%.
Você pode fazer o cálculo do que isso significa em termos de tempo adicional do ajuste? Não sei quanto. Tem de ver também o que significa na dinâmica da dívida.

A nova previsão oficial é de retração de 1,5% do PIB, mas dentro do próprio governo há o temor de que a piora da crise política aprofunde mais a recessão. Qual a sua previsão?
Nas outras crises, em 2009, você tinha um colchão. O problema é que você gastou o colchão nos últimos dois a três anos. Não há espaço para política anticíclica. Por isso as pessoas ficam assustadas com a atividade caindo mais do que o esperado. Temos de lidar com essas coisas. Se lidar, não dói tanto. Se não lidar, poderá vir a doer.

Se não lidar, a recessão bate em 2%?
Acho que não, tem uma outra coisa sutil. Tomamos algumas medidas importantes, mudamos os preços relativos, incluindo o próprio câmbio, e essas coisas têm um efeito salutar na economia, que a princípio não se nota.
Parte do que se está sentindo de dor agora é consequência desse rearranjo, mas ele tem um pendor de ir fortalecendo aos poucos a economia.
O dólar está um pouco diferente e as empresas começam a pensar seriamente em exportar. Quanto mais rápido o ajuste, a economia naturalmente se reorganiza. O ajuste fiscal ficou um pouquinho para trás, não está ajudando a completar o efeito do ajuste dos preços. Se fizermos alguma coisa mais estrutural, os cenários assustadores não vão acontecer.

O que é o cenário assustador? Queda de 2%?
Este que você está falando.

Concorda com a banda fiscal proposta pelo Planejamento?
Por falha minha não conheço a proposta, então não vou falar de algo que não sei.

A Moody's vai rebaixar a nota brasileira?
Nada é certo, você é dono do seu futuro.
Se a gente não conseguir fazer o ajuste, fica mais provável. Se fizer, é mais provável que não. Então, depende do que formos fazer.

O Congresso aprovou muitas medidas que podemos classificar de bombas fiscais. Ele está muito irresponsável?
O Congresso reflete o que ele entende ser alguns desejos. Tem procurado alcançar uma pauta ampla, que vai muito além da economia.
Na área econômica, algumas coisas andam mais fácil, outras demoram um pouquinho mais, até talvez pela incerteza.

A crise política se agravou e voltaram a falar de um eventual impeachment da presidente. O que o sr. acha disto?
Em que bases haveria um impeachment? Não vejo.

Parece um debate meio descolado. Com base em quê? Até agora não consegui ver bases para isso. Não tem nenhuma acusação contra ela que possa justificar um impeachment.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O exemplo do general Marshall - Joaquim Levy.


Joaquim Levy, com brilhante memória, na FOLHA. 

Planejamento, persistência, gestão de pessoas e alinhamento com os princípios da missão são elementos essenciais para o sucesso da maior parte das empreitadas.

Um bom exemplo dessa combinação encontra-se na atuação de George Marshall, que liderou o Exército americano durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido indispensável para a sua vitória, especialmente no cenário europeu, alcançada 70 anos atrás.

O general Marshall anteviu a necessidade de o Exército estar preparado para defender o país bem antes de ele ser atacado. Já antes do início do conflito na Europa, ele alertou o presidente americano da imperiosa urgência de reorganizar e dar meios àquela força.

Como tantos, ele propugnava o desenvolvimento da Força Aérea, que era então primitiva e pequena. Mas, fiel ao seu feitio, quando foi proposto um plano de rapidamente se produzirem 10 mil aviões, ele foi contra, preferindo uma quantidade bem menor de unidades, mas acompanhada dos recursos para treinar pilotos e desenvolver o apoio logístico indispensável para a efetividade daquele investimento.

Essa atenção ao equilíbrio e o foco na organização industrial foram cruciais quando o Exército americano passou de menos de 200 mil soldados em 1939 para 4 milhões quatro anos depois.

Para liderar esse vasto contingente em armas, Marshall valeu-se de alguns critérios para selecionar generais que havia alinhavado anos antes, preferindo aqueles que exibissem bom senso, conhecessem seu ofício, estivessem em boa forma física --demonstrando energia--, fossem otimistas (irradiando um espírito positivo) e cuja lealdade fosse acompanhada de determinação.

Essas características, sem nada de especial na aparência, em geral se traduziam na capacidade de trabalhar em grupo, responder sob pressão e não culpar os outros pela adversidade. Elas também permitiram uma ênfase em preservar a vida dos seus comandados, o que era raramente visto antes na condução de um conflito armado.

Esse respeito foi uma regra básica para o bom funcionamento de um Exército de cidadãos, que abraçaram a missão de defender a democracia. Seu impacto no moral dos combatentes contribuiu para o Exército superar diversos reveses e pautar o comportamento da tropa à medida que foram conquistando território, inclusive em relação aos civis que foram encontrando.

Os princípios de gestão aí ilustrados se aplicam ao grande número de atividades humanas, e suas manifestações não escaparam aos mais argutos participantes da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que combateu lado a lado com os Aliados, especialmente os americanos.

Osvaldo Cordeiro de Farias, um dos mais capazes integrantes da FEB, recordava-se de como os americanos souberam aproveitar os talentos de oficiais e soldados das mais diversas origens, transformando, por exemplo, um gerente de supermercado em oficial graduado de logística.

Lembrava-se também de como oficiais com dois ou três anos de experiência se mostravam tão ou mais capazes do que os próprios oficiais de carreira, americanos ou brasileiros.

Isso porque mecanismos que aceleravam a difusão de boas práticas e de experiências malogradas se traduziam no rápido aprendizado a partir de erros iniciais. Essas lições, sem dúvida, auxiliaram esse notável artilheiro brasileiro quando passou para a vida civil e liderou um importante grupo industrial décadas depois.

A confiança na capacidade de pessoas de diversas origens é um dos traços essenciais da democracia e base da inclusão. Ela também esteve presente na visão estratégica do general Marshall, que permitiu dar fundamental contribuição não só para a vitória da guerra mas também para a paz, quando ele idealizou o plano de auxílio para a Europa no pós-Guerra.

Esse plano, que levou seu nome, ao alavancar o potencial do continente, permitiu sua recuperação econômica, culminada com a criação do Mercado Comum Europeu dez anos depois.

Ao se comemorar o fim da maior das guerras no território europeu e merecidamente homenagear os milhares de pracinhas que o Brasil mandou à Itália e que voltaram com tantas e variadas experiências, parece mais atual do que nunca o exemplo desse general que declinou as posições mais visíveis no seu Exército, para garantir o seu bom funcionamento e as grandes escolhas estratégicas que lhe trouxeram a vitória.


sábado, 2 de maio de 2015

Brasil: a economia sem o apoio da política.


No mês onde o mundo comemora o Dia Internacional do Trabalho, o trabalhador brasileiro, governado por um partido dito dos Trabalhadores, espera com paciência bovina a taxa média de desemprego desabar dos 4,8% a.a. em 2014 para estimados 6,8% a.a. e 8,0% a.a. ao final dos anos de 2015 e 2016, respectivamente.

Enquanto isso, a taxa básica de juros (SELIC) sobe de 12,75% a.a. para 13,25% a.a. e o PIB estimado para o final deste 2015 desaba para -1,5% a.a., depois de um 2014 estagnado.

A inflação, sempre ela, há muito tempo ultrapassou o centro da meta de 4,5% a.a. e nas compras o consumidor observa o seu dinheiro não chegar ao final do mês.  

As contas do governo registraram em março um superávit primário de R$ 1,5 bilhão, valor muito inferior ao esperado pelo mercado que era de cerca R$ 3,2 bilhões.

Para complicar, os políticos não se entendem e no horizonte ainda não temos uma liderança capaz de reverter este quadro. 

E quem podia ajudar, hoje mais atrapalha. 

Pelo menos, Joaquim Levy demonstra ser um moço calmo. 

Até quando?

sábado, 11 de abril de 2015

Joaquim Levy e o PIB de 0,1% em 2014.

"O resultado do PIB em 2014, conforme dados das Contas Nacionais, confirmou a pausa no crescimento econômico no ano.

Por outro lado, a revisão das estatísticas decorrente de aprimoramentos metodológicos incorporados pelo IBGE revelou um quadro de maior expansão da atividade econômica desde 2012, como já evidenciado para 2011, de participação mais elevada do investimento na economia e de melhores indicadores de solvência do País.


Numa visão prospectiva, não obstante a evolução desfavorável da atividade no curto prazo, os ajustes macroeconômicos em curso tendem a construir bases mais sólidas para a retomada da confiança e do crescimento econômico".

Fonte: BACEN. 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Joaquim Vieira Ferreira Levy: um economista na Fazenda?

Neste período no qual o nome de Joaquim Levy está em todas as manchetes, localizei no site http://gama-ca.com.br/noticias/joaquim-levy-concedeu-entrevista-exclusiva-poucos-dias-antes-de-ser-cotado-para-fazenda uma excelente matéria na qual podemos previamente identificar o que esperar nesta nova fase da economia brasileira. 

Dias antes de cogitarem o nome de Joaquim Levy como Ministro da Fazenda do segundo mandato de Dilma Rousseff, o editor-chefe da Investidor Institucional, Luís Leonel, realizou uma entrevista exclusiva com o executivo da Bram – Bradesco Asset Management, que foi publicada na edição 265, de novembro. É uma entrevista longa em formato ping pong, que começou a circular na semana passada (a partir de 12 de novembro), em que Levy explica os desafios para recolocar nos eixos a economia do país.

Ainda não houve o anúncio oficial, mas fontes do mercado de assets já confirmam que Levy será o novo Ministro da Fazenda, no lugar de Guido Mantega. A necessidade de retomar o equilíbrio fiscal foi um dos pontos ressaltados por ele na entrevista ao citar o exemplo da economia australiana. “O novo governo [da Austrália] está começando um aperto fiscal importante e os juros, ainda que observando as dilações do aperto nos EUA, têm sido pró-ativos”, disse na entrevista. Ainda em relação à condução da política econômica australiana, Levy destaca o nível da taxa de investimento, mais alta que a do Brasil.

Levy apontou ainda que a Austrália enfrentou desafios parecidos com os do Brasil, com a queda dos preços das commodities no mercado mundial, em função da desaceleração da economia chinesa. Ao contrário do Brasil, o governo australiano tomou medidas que agora estão dando resultados com o maior crescimento do PIB do país. Para ele, um dos grandes entraves para a volta do crescimento da economia brasileira é o baixo nível de investimentos no setor produtivo, principalmente, na infraestrutura.

“O menor crescimento da China deve exigir mais de nós. Além disso, a urgência para destravarmos a infraestrutura aumentou, até pelo cenário global em que a produtividade será ainda mais importante”, disse na entrevista. E a falta de investimentos é reflexo do baixo nível da poupança doméstica, o que Levy aponta como outro desafio importante: o de incentivar o crescimento da poupança interna, da qual os fundos de pensão são importantes agentes. 

Leia a seguir os principais destaques da entrevista:

Poupança interna
“O desafio para o Brasil é o nosso baixo nível de poupança que acaba demandando tanto dos fundos de pensão”.

Relação com Congresso
“O congresso brasileiro já mostrou inúmeras vezes que é capaz de responder aos desafios da nação, especialmente quando o Executivo enuncia uma estratégia com prioridades definidas”.

Lula
“O importante é definir uma estratégia que o mercado entenda. Quando o presidente Lula começou a governar, estabeleceu-se que não haveria ‘pacotes’ e que os objetivos seriam definidos, anunciados e implementados de forma muito clara. Acho que isso foi um dos fatores do sucesso do seu mandato…”

Meirelles
“…o presidente do Banco Central Henrique Meirelles sempre lembrava que menos incerteza, também em relação à inflação, tendia a aumentar o investimento privado. Acho que funcionou bem”.
Aperto fiscal
“Vou fazer um paralelo com uma expressão comum nos EUA: o valor de uma casa é definido por três fatores, que são localização, localização, e localização. Pois bem, o equilíbrio aqui tem três ingredientes: fiscal, fiscal, e fiscal”.

Grau de investimento
“…não vejo, especialmente na comparação internacional e com a reputação que se construiu nos últimos 20 anos, motivos para o Brasil perder o ‘investment grade’”.

Papel do BNDES
“Tornar as debêntures de infraestrutura uma ‘asset class’ global é o desafio número um, e pode trazer vantagens grandes também para as entidades fechadas, mesmo que elas não tenham um diferencial tributário específico”.

Selic
“A subida da Selic é positiva na medida em que sinaliza o compromisso com a estabilidade de preços”.

Bancos públicos
“O importante é que haja planejamento de longo prazo e adequado nível de provisões. A grande recapitalização que o governo FHC fez na CEF e no BB, em um momento de stress fiscal enorme para todo o país, foi fundamental para saneá-los dos equívocos dos 20 anos anteriores…”

Inovação
“Quando olhamos para horizontes mais longos, o país precisa sinalizar o que quer. Como observei, o investidor vê várias coisas boas no Brasil, mas nossa capacidade de inovação vai ser cada vez mais desafiada”.

Perfil – Joaquim Vieira Ferreira Levy
Nascido em 1961 no Rio de Janeiro e formado em Engenharia Naval, obteve o doutorado em economia pela Universidade de Chicago em 1992 e o mestrado em economia pela Fundação Getúlio Vargas em 1987. Iniciou sua carreira em 1984, no departamento de engenharia e na diretoria de operações da Flumar Navegação. Foi professor do curso de mestrado da FGV em 1990, antes de integrar os quadros do Fundo Monetário Internacional, onde, de 1992 a 1999, ocupou cargos nos departamentos do hemisfério ocidental, europeu e de pesquisa, em particular nas divisões de mercado de capitais e da União Europeia. No período de 1999 a 2000 exerceu, como economista visitante no Banco Central Europeu, atividades nas divisões de mercado de capitais e de estratégia monetária. No ano de 2000 foi nomeado secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda, e em 2001, economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Em janeiro de 2003, foi designado secretário do Tesouro Nacional. Em 2006 foi nomeado secretário da Fazenda do estado do Rio de Janeiro. Entre 2007 e 2010 foi vice-presidente da área de finanças e administração do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Washington. Em 2010 retorna ao Brasil para assumir o comando da asset do Bradesco (Bram).

Fonte: Investidor Institucional. A matérias publicadas compreendem as áreas de Consultoria Atuarial, Previdência Complementar e/ou Planos de Saúde, sendo de responsabilidade de seus autores e não refletindo, necessariamente, a opinião da GAMA Consultores Associados


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